Introdução
Devido ao combate diário à Pandemia COVID-19, a pele dos profissionais de saúde está sujeita a agressões diárias e constantes, seja pela utilização de desinfetantes e detergentes, seja pelo uso frequente e continuado por longos períodos dos EPIs, como as máscaras faciais, respiradores, viseiras/óculos de proteção e luvas, tornando-se imperativo protegê-la.
Objetivo
O projeto teve como objetivo o desenvolvimento de uma formulação tópica semi-sólida com propriedades adequadas para uso tópico, respetiva avaliação da estabilidade e avaliação da compatilidade cutânea in vivo.
Métodos
Foram desenvolvidas formulações semi-sólidas (filmes flexíveis), recorrendo a líquidos iónicos gelificados à base de gelatina e cloreto de colina de uso único e com adesividade adequada para ser colocada entre a pele e o EPI, mantendo a sua eficácia protetora. Foram realizados ensaios de caracterização farmacotécnica de acordo com os requisitos para preparações semi-sólidas (Ph.Eur.9). A avaliação da estabilidade física, química e microbiológica foi realizada em três lotes na formulação desenvolvida e selecionada, de acordo com as normas internacionais (ICHQ1A-R2) durante 3 meses. De modo a confirmar a compatibilidade cutânea e a ausência de potencial sensibilizante da formulação em pele sã, foi realizado um estudo do tipo Human Repeated Insult Patch Test com aplicação repetida da formulação sobre a pele de voluntários humanos saudáveis (n=51).
Resultados
Obteve-se uma formulação com características ótimas para aplicação tópica, de baixo custo e para ser utilizada com EPIs (filme à base de gelatina e colina, flexível, fresco, resistente e adesivo), tendo como reivindicação prevenir as lesões cutâneas devido à utilização prolongada de EPIs. A técnica de preparação desenvolvida é de fácil e rápida implementação em farmácia hospitalar. Os estudos de estabilidade físico-químicos e microbiológicos encontram-se a decorrer, apresentando até ao momento uma estabilidade de 3 meses quando armazenado a uma temperatura inferior a 25ºC. A formulação desenvolvida não induziu qualquer reação irritativa ou alérgica em 51 voluntários humanos, evidenciando muito boa compatibilidade cutânea. Posteriormente, alguns profissionais de saúde utilizaram o dispositivo no decurso da sua actividade, reportando conforto e diminuição das marcas decorrentes da utilização dos EPIs.
Discussão /Conclusões
O projeto visou o desenvolvimento de um dispositivo para prevenir as lesões cutâneas devido à utilização prolongada de EPIs. COVerskIn é uma alternativa exequível, segura e de baixo custo. Até ao final do ano pretendemos divulgar e implementar o KIT COVerskIn (fórmula e método de fabrico) nos hospitais nacionais.